Ciclistas, equipas e a Federação Portuguesa de Ciclismo estão a favor do regresso da Volta a Portugal em Bicicleta, considerada a prova rainha da modalidade, ainda este ano.
A Federação Portuguesa de Ciclismo publicou inclusive um manifesto a favor do regresso do ciclismo que se encontra disponível na página oficial do organismo que tutela o ciclismo nacional, e que foi assinado por vários atores e agentes ligados ao ciclismo nacional.
A Federação Portuguesa de Ciclismo, por intermédio do seu presidente, Delmino Pereira, revelou, nesse mesmo manifestou, que esteve recentemente reunida com o presidente da Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais (APCP), Paulo Couto, e com os nove membros da direção da APCP, representantes dos corredores das equipas continentais, tendo os vários atores a agentes concordado com a necessidade de realizar a Volta a Portugal e salvaguardar os direitos dos ciclistas profissionais.
No mesmo manifesto, o organismo que superintende o ciclismo nacional explanou várias razoe, que na sua ótica, confirmam a ajudam a explicar o manifesto e a pretensão dos vários atores e agentes para que a Volta a Portugal regresse este ano.
Além do facto do ciclismo ser um desporto de ar livre, modalidade individual e sem contacto, os signatários defendem que apresentaram à tutela um plano de contingência para o regresso da competição em condições de segurança sanitária, tendo o mesmo recebido elogios da Direção-Geral da Saúde.
“É dito, também, que a Federação Portuguesa de Ciclismo foi das primeiras federações desportivas a apresentar à tutela um plano de contingência para o regresso da competição em condições de segurança sanitária, tendo o mesmo recebido elogios da Direção-Geral da Saúde, sendo a Volta a Portugal é um evento crucial para o futuro do ciclismo profissional no país, devendo manter-se na atual categoria internacional e na data prevista”, avançaram os signatários que defendem que a retoma da modalidade é “determinante para as equipas darem o retorno aos patrocinadores que garante o financiamento das estruturas profissionais e os postos de trabalho dos ciclistas portugueses”.
Os signatários o manifesto reivindicam que o regresso das competições velocipédica, incluindo a Volta a Portugal, seja aprovado pelo Governo com a maior brevidade, garantindo a criação de um calendário competitivo, a iniciar-se no princípio de julho, permitindo, “ao mesmo tempo, o regresso dos ciclistas à sua atividade profissional, assegurando os salários e o futuro de todos, em risco por cada dia a mais de inatividade desportiva”.
Os signatários pretendem, também, que seja feito o “acerto de todos os pormenores organizativos e sanitários em eventos de menor dimensão logística, de modo a assegurar que tudo se desenrola como previsto durante a Volta a Portugal e transmitir confiança a todos os intervenientes e parceiros quanto à viabilidade do recomeço da época desportiva de ciclismo de 2020, uma vez que, pela natureza desta modalidade, ao contrário da maioria das demais, a próxima temporada não começa já no final do verão, mas apenas no próximo ano. Só assim será viável a manutenção dos postos de trabalho do ciclismo profissional em Portugal”, alude o manifesto.
“As datas estão definidas e Federação apresentou à tutela um plano de contingência para o regresso da competição em condições de segurança sanitária, tendo o mesmo recebido elogios da Direção-Geral da Saúde”
Hugo Nunes, atleta profissional da equipa de ciclismo do Boavista, realçou ser fundamental para o ciclismo nacional e para as competições velocipédicas o regresso da prova rainha do calendário nacional.
Ao Novum Canal, o atleta do Boavista esclareceu que a Federação Portuguesa de Ciclismo já garantiu que irá cumprir com todas as diretrizes e normas definidas pela DGS, entidade que já aprovou o plano proposto pela Federação, faltando apenas uma decisão do Governo.
“As datas estão definidas e Federação apresentou à tutela um plano de contingência para o regresso da competição em condições de segurança sanitária, tendo o mesmo recebido elogios da Direção-Geral da Saúde, faltando apenas a decisão final do Governo”, expressou, salientando que a não realização da prova rainha terá repercussões desportivas e financeiras nos clubes, nas equipas e até mesmo os atletas que poderão ver s seus vencimentos afetados.
“Julgo que está aberta a porta para a realização da Volta a Portugal”
O diretor da equipa de ciclismo do Boavista, José Santos, alinhou pela mesma bitola do atleta Hugo Nunes e reconheceu que estão reunidas todas as condições para a realização da Volta a Portugal e das provas nacionais que integram o calendário velocipédico.
José Santos precisou mesmo que o plano de contingência para o regresso da competição apresentado pela Federação Portuguesa de Ciclismo e que foi prontamente elogiado pela Direção-Geral da Saúde, garante todas as condições de segurança sanitária, faltando apenas o aval do Governo que manifestou deverá acontecer a curto prazo.
O diretor da formação de ciclismo do Boavista recordou, também, que Governo autorizou já a reabertura de outros eventos desportivos e culturais, pelo que não encontra razões objetivas ou qualquer impedimento para que a prova maior do ciclismo não possa acontecer dentro do prazo e do calendário que foi definido.
José Santos admitiu, também, que qualquer decisão em contrário das autoridades nacionais representaria um sério revês para as equipas, os clubes e ciclistas que se prepararam para este evento e mesmo para os patrocinadores que poderiam não conseguir maximizar o investimento feito nos clubes e nas equipas.
“Julgo que está aberta a porta para a realização da Volta a Portugal, prova que é assumidamente um dos maiores espetáculos desportivos em Portugal”, atalhou, acreditando que a Volta irá realizar-se dentro daquilo que têm sido os parâmetros normais de outros anos, garantidas as condições higiénico-sanitárias que integram o plano de contingência da Federação Portuguesa de Ciclismo e que foi aprovado pela DGS.
“A Volta a Portugal tem que se realizar, além de ser a prova-mãe de todas as competições velocipédicas no país, é uma competição reconhecida pelos portugueses”
Também Joaquim Carlos, diretor da Silva & Vinha A.D.R.A.P Sentir Penafiel, escola de ciclismo e uma das maiores instituições ao nível da formação em Portugal, concordou com a necessidade da Volta a Portugal realizar-se este ano, mas recordou que a Federação Portuguesa de Ciclismo não pode olhar apenas para esta prova, sendo necessário articular esforços com os clubes e as equipas para avançar com as demais provas do calendário velocipédico.
“A Volta a Portugal tem que se realizar, além de ser a prova-mãe de todas as competições velocipédicas no país, é uma competição reconhecida pelos portugueses, que pela sua organização envolve uma logística ímpar e mexe com o país”, concretizou, admitindo a possibilidade da competição decorrer até com restrições e alterações, nomeadamente nas chegadas míticas ou até mesmo nas partidas, com mais segurança, de forma a garantir a regularidade da competição.
Falando ainda da Volta a Portugal, Joaquim Carlos recordou, também, que Federação não pode olhar apenas para esta competição e esquecer as demais do calendário nacional, lembrando que existem mais competições e clubes que necessitam competir e querem o regresso das restantes competições.
“Desde março que as provas estão suspensas. No caso da Silva & Vinha A.D.R.A.P Sentir Penafiel, a última competição de estrada que realizamos foi em Cantanhede, distrito de Coimbra, na abertura de cadetes e escolinhas. Na Silva & Vinha A.D.R.A.P Sentir Penafiel optamos, entretanto, por contratar uma psicóloga, Joana Ferreira, para fazer um acompanhamento psicológico dos atletas. Trata-se de uma ex-ciclista da casa e atual comissaria nacional que tem trabalhado com os atletas o corpo e a mente. A Joana ajuda a melhorar o psicológico, seja a lidar com a ansiedade, com medos, mudar comportamentos e pensamentos, ou outra situação necessária como esta do Covid-19”, disse, sublinhando que apesar do apoio começa a notar alguma ansiedade, em especial junto dos cadetes e juniores, que almejam pelo regresso das provas.
Já Mário Pinto, do projeto Ciclismo na Escola BTT, projeto que tem como meta potenciar o uso da bicicleta, fomentar o ciclismo, na vertente do BTT, como parte integrante do currículo escolar, reconheceu que o ciclismo é um desporto que é praticado ao ar livre pelo que se estiverem cumpridas as condições higiénico-sanitárias previstas no plano de contingência não vê objeções para que a prova não se realize.
Mário Pinto assegurou que a não realização da competição traria sério transtornos aos intervenientes, com repercussões para as equipas e patrocinadores e atletas que poderiam ver os seus postos de trabalho, os salários e o futuro em risco como consequência desta inatividade desportiva.
“Julgo que a 43.ª edição do Grande Prémio Internacional Torres Vedras – Troféu Joaquim Agostinho, agendada para julho, uma das provas do calendário velocipédico poderá acontecer, fala-se nisso, o que seria um prenúncio para a realização da Volta a Portugal em Bicicleta”, asseverou, manifestando que sendo esta uma prova de eleição em Portugal, amada por muitos portugueses e simpatizantes da modalidade, a sua realização poderia funcionar como um tónico para puxar pelos ânimos dos portugueses que estão tentar viver com esta nova normalidade, na sequência da crise sanitária.