A Federação Distrital do Porto do Partido Socialista lamentou, em comunicado enviado, hoje, ao Novum Canal, que a Administração dos CTT tenha aproveitado o período de pandemia para, de “forma unilateral e sem negociação sindical digna desse nome, impor aos trabalhadores o pagamento do subsídio de refeição em cartão”.
Segundo o PS Porto, “com o novo modelo de pagamento a empresa obtém ganhos financeiros mas, ao mesmo tempo, prejudica gravemente o rendimento dos trabalhadores”.
“Ao proceder desta forma a Administração dos CTT mostra um comportamento egoísta e desumano e desrespeita o esforço e sacrifício dos seus colaboradores, que permitiu manter o serviço em funcionamento mesmo nos períodos mais graves da pandemia. A Administração instiga ao aumento da conflitualidade laboral, em vez de promover a paz social tão necessária para que a empresa recupere e para que possamos vencer em conjunto a crise com que a qual estamos confrontados. Não podemos deixar de recordar que é esta mesma Administração que tem posto em causa o cumprimento das obrigações de serviço público da empresa, encerrando postos dos CTT e diminuindo a qualidade do serviço”, lê-se no comunicado.
Na mesma nota, o PS Porto recorda, que tudo isto são consequências da privatização dos CTT concretizada pelo Governo PSD/CDS nos anos da troika.
“Fica cada vez mais claro que o interesse nacional impõe a participação do Estado no capital da empresa. A Federação Distrital do Porto do PS considera plenamente justificada a greve dos trabalhadores dos CTT, apoiada por todas as suas organizações representativas, e manifesta-lhes a sua solidariedade”, assumem os socialistas.
CTT refuta acusações e diz que estas “não correspondem à verdade”
Contactado pelo Novum Canal, a empresa CTT refutou as afirmações tornadas públicas, no dia de hoje, pela Federação Distrital do Porto do PS e lamentou que as mesmas “não correspondam à verdade”.
“A saber, em abono da verdade, esta administração dos CTT inverteu os encerramentos de Lojas tendo, pelo contrário, iniciado, como é sabido e do conhecimento público, a reabertura de Lojas CTT em sedes de concelho. A proximidade às populações e o serviço público faz parte do ADN dos CTT e tem sido afirmado constantemente este nosso propósito”, refere a empresa que informa que “a primeira decisão tornada pública desta administração foi a de parar com os encerramentos de lojas, tendo sido um compromisso que foi tornado público e que está a ser cumprido pelos CTT. Não é, pois, verdade que os CTT estejam a encerrar lojas, antes pelo contrário, esta administração está a reabrir lojas únicas em sede de concelho sendo que na próxima segunda-feira reabrirá a oitava loja, em Ourique, distrito de Beja, conforme é amplamente publico e divulgado”.
A empresa referiu, também, que os CTT tudo fizeram e estão a fazer no sentido “de garantir a sustentabilidade da empresa e dos postos de trabalho, na defesa dos seus colaboradores, apesar da quebra de receita verificada originada pela pandemia CoVID-19”.
“Não é verdade que os CTT tenham evitado o diálogo com as Organizações Representativas dos Trabalhadores. Foram várias as reuniões realizadas no sentido de, em conjunto, encontrar um conjunto de medidas de mitigação que permitissem compensar a empresa, mas sempre com a preocupação de salvaguarda dos rendimentos dos seus colaboradores. Aliás, tem sido essa uma das nossas preocupações maiores”, lê-se no comunicado enviado pela empresa.
A empresa declarou, ainda, que cartão refeição constitui uma forma de pagamento do subsídio de refeição, que pode ser facilmente usada em qualquer estabelecimento de venda de produtos alimentares.
“Conforme já divulgado junto dos nossos colaboradores, em várias ocasiões, o cartão refeição constitui uma forma de pagamento do subsídio de refeição, que pode ser facilmente usada em qualquer estabelecimento de venda de produtos alimentares, Não implica nenhum tipo de prejuízo para os colaboradores, consagra o exercício de um interesse legítimo da Empresa, e representa uma manifesta vantagem económica para todos: para a empresa, traduz uma forma lícita de diminuição substancial de custos; para os colaboradores, significa uma poupança média anual em sede de IRS, na ordem dos 100,00€. Por isso, aliás, é uma forma de pagamento do subsídio adotada por inúmeras empresas e colaboradores em todo o país”.
Os CTT referiram, também, que têm empreendido todos os esforços para ultrapassar a presente crise por forma a assegurar um melhor futuro para todas as partes interessadas.
“Incluem-se no rumo traçado medidas tão significativas como a suspensão dos dividendos relativos a 2019, da remuneração variável à gestão, ou ainda, com maior significado simbólico, a decisão de não recurso ao layoff. A empresa apela, pois, ao sentido de responsabilidade de todos, fazendo notar que a sustentabilidade e o sucesso futuro da empresa são da responsabilidade de todas as partes integrantes. Os CTT lamentam que façam da empresa um tema ideológico, e como é seu dever e apanágio, não entram em diálogo político, continuando a trabalhar de forma exemplar, com a dedicação, profissionalismo e entrega total, dos seus colaboradores, em particular aqueles que estão na linha da frente, e que integram as equipas da Rede de retalho, das Operações e Distribuição. A todos eles estamos gratos e orgulhosos por manterem a atividade do país em movimento e com uma notável nobreza em servir as populações”, lê-se no comunicado.
Ainda de acordo com a empresa, a atitude dos CTT tem sido na construção de várias soluções no sentido de ajudar o país e a sua economia a ultrapassar barreiras e dificuldades e de ligar pessoas e empresas, para enfrentarem uma crise de que ninguém estava à espera.
“Demos disso mesmo, inúmeras provas concretas ao longo da terrível crise que atravessamos. É exatamente isso que nos move, Portugal e os portugueses”, informou a empresa.