Luís Filipe Menezes, o novo comentador do Novum Canal, revelou, esta sexta-feira, que a transferência de 850 milhões para o Novo Banco não foi um ato de deslealdade do ministro das Finanças, mas antes um sinal de uma “certa anarquia resultante da pressão da pandemia Covid-19”
“Estou convencido que a questão da verba do Fundo de Resolução que foi transferida para o Novo Banco antes da tal auditoria que estava em curso, estar concluída, decorre muito mais de uma disfunção dentro do Governo decorrente, um pouco, de uma certa anarquia resultante da pressão da pandemia do que algo que seja um ato de deslealdade do ministro Centeno em relação ao primeiro-ministro e ao Governo”, disse.
Luís Filipe Meneses admitiu mesmo que Mário Centeno seja, hoje, um ministro muito menos motivado do que há um ano e meio, dois anos atrás.
“Admito que o ministro Centeno seja, hoje, um ministro muito menos motivado do que há um ano e meio, dois anos atrás, e ele tem motivos para isso. Ele esteve convencido e poderia ter acontecido que chegaria à liderança do Fundo Monetário Internacional. Esteve nessa corrida e isso pesou muito do ponto de vista interior. Todos nós temos ambições, somos homens, temos ilusões. E por outro lado, a menina dos olhos deste ministro eram os resultados da política económica e nomeadamente o equilíbrio das contas públicas que esta pandemia veio tirar da primeira linha daquilo que é observável porque Portugal vai entrar como todos os países europeus e como quase todo o mundo, num processo de recessão que deita por água abaixo todo o trabalho feito nos últimos quatro a cinco anos. Eu acho que é um ministro desmotivado que dá este passo em falso”, sustentou.
Nesta questão, Luís Filipe Meneses reconheceu, também, que o primeiro-ministro, António Costa, ficou descalço no parlamento, considerando esta crise ou mini-crise é uma ferida que mesmo em termos pessoais será difícil de cicatrizar.
“Agora, é evidente que o primeiro-ministro ficou descalço no parlamento e é evidente que é uma ferida que mesmo em termos pessoais será difícil de cicatrizar, mas também julgo que é de saída para algo que é uma fatalidade e uma inevitabilidade e na qual eu encaixo aquilo que o primeiro-ministro ontem fez quando anuncia Marcelo Rebelo de Sousa informalmente como seu candidato presidencial. Tendo-se uma ideia que a pandemia está minimamente controlada, este Governo antes do próximo Orçamento de Estado provavelmente vai precisar de um grande refrescamento para ser um Governo com força, energia, com mais competência, a enfrentar a enorme crise que todos nós vamos ter de enfrentar nos próximos anos”, declarou.