Assinalou-se no passado dia 28 de maio o World Play Day ou O Dia Internacional do Brincar.
Este dia foi criado na 8ª Conferência Internacional de Ludotecas em Tóquio, em 1999 e é celebrado em mais de quatro dezenas de países, inclusive em Portugal.
O ato de Brincar está consagrado na Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas (artigo 31º) – “(…) o direito da criança ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística (…)” – destacando assim a atividade (brincar) como essencial ao desenvolvimento equilibrado das crianças, nas suas dimensões física, psicológica e social.
É fundamental termos consciência enquanto pais, educadores, técnicos da educação e da saúde e outros, da importância dos momentos de brincadeiras seja em formato mais ou menos estruturado e/ou espontâneo.
Brincar permite à criança experienciar emoções e sentimentos (domínio socioemocional), dar asas à criatividade e imaginação através do faz de conta, desenvolver competências em domínios variados – sensoriais e intelectuais, através do contato, exploração e apropriação do mundo que a rodeia; ainda, o brincar permite desenvolver também a relação com o outro, estabelecer e promover o processo de socialização (ex: partilha de um objeto, um brinquedo, na construção do enredo da brincadeira e/ou da história, na definição e estabelecimento de regras e papéis do jogo, na negociação com o outro, experienciar sentimentos de frustração; permite conhecer o erro, a consequência de um comportamento, etc); estimular a autonomia e responsabilidade. Brincar é um meio através do qual se alcançam conquistas, se ultrapassam dificuldades e obstáculos e se aprende a resolver problemas e conflitos!
Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras podem assim constituir-se, como ferramentas, instrumentos e estratégias para a prática educacional de grande significado, enquanto fontes promotoras da aprendizagem. Brincar é uma forma de aprender – de aprender limites, de aprender e desenvolver a autoconfiança e autoestima! Desenvolver noções de tempo e espaço e interiorizá-los, num processo de aprendizagem natural do meio e do espaço envolvente, através da interação nos contextos (domínio cognitivo).
No domínio motor, o movimento, as atividades físicas contribuem para o bem-estar físico e da saúde favorecendo a aquisição e desenvolvimento de uma multiplicidade de competências motoras (saltar, correr…).
A criança expressa também através da brincadeira o seu mundo interior, podendo a um nível com maior intencionalidade ser um excelente recurso para a abordagem terapêutica.
Brincar, proporciona assim, à criança uma experiência riquíssima e potenciadora do desenvolvimento.
A pandemia fechou-nos em casa, nos últimos meses. Fechou creches, jardins e escolas, espaços mais formais da educação, é certo, mas nos quais, ainda que, em grande parte dos dias, com maior ou menor intencionalidade esta oportunidade era experienciada, seja através da brincadeira livre, do jogo mais estruturado, etc. Fechou parques infantis, jardins (momentos ao ar livre…) reduzindo, provavelmente, ainda mais o tempo de brincadeira. Colocou os pais em casa, a grande maioria em teletrabalho, nem sempre disponíveis para atender às necessidades das crianças, no imediato, no que a este tema diz respeito, e eventualmente ainda mais expostas aos ecrãs e ao digital…
Amanhã as crianças do pré-escolar regressam aos seus jardins de infância para resgatar o direito de brincar…É grande a expectativa!! E que dia melhor para regressar ao Jardim de Infância, que não amanha?! A todas as crianças um Feliz Dia da Criança!!